Uma das boas coisas desta vida é a comunicação. A falta dela pode provocar guerras, a melhor dela repõe a paz. Muita dela não serve para nada, outra ocupa o tempo. Fazemos da comunicação o que queremos. Podemos falar para nós próprios ou entendemos que a nossa voz tem de ser ouvida por um mar de gente. Acima de tudo, quem quer comunicar fá-lo através de qualquer coisa: um desenho numa caverna, um sorriso enigmático numa tela, uma bíblia no quarto de hotel, um jornal diário, um livro, ou, através da voz, transformar água em vinho, incitar à revolução. Há os que falam porque sim e os que conversam para dizer não. Enfim, basta olhar em volta. Tudo é comunicação.

Há quem diga que é uma arte. Tem regras, muitas, para atingir o sucesso. Mas também há quem defenda que só se é comunicador porque sim, porque se esteve no momento certo e à altura expectável.

Comunicar é, acima de tudo, humano. E nada pára o ser humano.

Quando convidado para explicar como se faz um podcast e falar da minha ainda curta experiência, pensei apenas numa questão: Afinal, porquê e como me decidi por um podcast quando assinei um blog durante tantos anos? E porque é que optei por esta mudança tão drástica que me obriga a recomeçar quase do zero?

Há várias razões: já fiz rádio, e portanto, fiquei-lhe com o bicho. Já escrevi em jornais e fiz entrevistas, e portanto, não lhes sou estranho. E, acima de tudo, adoro tudo o que tenha a ver com som, desde os microfones à masterização. Finalmente, dizem que tenho voz de rádio.

Tudo junto, bem embrulhado, até dá para assinar um podcast.

Vamos então ao que me foi pedido: o que é preciso e como se faz um podcast.

Na verdade, começar um podcast é das coisas mais fáceis que há e nem precisamos de gastar dinheiro. Todos temos um telemóvel no bolso, esse instrumento de comunicação, lá está, também tem um gravador de voz. Basta ditar-lhe o que queremos, as nossas ideias ou divagares. Há apps que nos permitem juntar uma musica e até fazer alguma edição. E pronto, temos um ficheiro de áudio que queremos mostrar ao mundo.

O problema é a qualidade do som. Se querem oferecer um bom resultado, há que investir algum dinheiro.

Que material devo ter para criar o meu podcast?

É imperativo um bom microfone. Nunca é demais o dinheiro gasto num microfone, mas podemos começar com uma excelente solução por 70 a 100€.

Quem pretende apenas gravar voz e editar no computador, pode escolher um microfone com ligação USB. Quem preferir apostar numa solução que envolva uma placa de som para ter mais entradas de microfone, encontra todo um outro universo com tomadas de tipo XLR.

Se for esta a escolha, há que encontrar o equipamento ideal para gravar a nossa voz, e a dos convidados, para um ficheiro.

Teremos de investir dinheiro num gravador digital que serve também como placa de áudio ou numa solução com uma mesa de mistura que estará ligada ao computador através da tal placa de áudio.

Mas não se assustem. Há preços para todas as bolsas. O que teremos sempre de definir é o que realmente queremos fazer.

Portanto, e para resumir o primeiro passo, há que escolher um microfone e o método de gravação.

Como partilhar e guardar o meu trabalho?

O segundo passo é encontrar uma plataforma que nos permita guardar os episódios que gravamos e, depois, oferecê-los ao mundo. Este é um campo importante, pois há cada vez mais opções e basta uma pesquisa rápida pela net para encontrar o serviço que melhor se adequa às nossas necessidades. É que há regras e nem todos os almoços são grátis.

Quando publicarmos na plataforma escolhida o nosso episódio, obtemos um link para divulgação. Este é o terceiro passo que dá tanto trabalho quanto os anteriores: há que chamar a atenção do target que, por sua vez, usa diferentes sistemas operativos, aplicações e equipamentos. Portanto, há que tentar estar em todo o lado para ser ouvido por mais e mais pessoas.

Um bom exemplo para um podcast que está a começar é a plataforma Anchor. É gratuita, até ver, tem até instrumentos para uma edição básica e, quando publicado, faz a disseminação automática por alguns serviços, como o Google Podcasts e o Spotify, para citar as mais conhecidas. Mas fica a faltar a malta que usa Apple e o iTunes, assim como tantos outros.

Como disse, é um passo que dá muito trabalho.

Mas quem tem medo de trabalho, não se mete na comunicação.

Por último, um conselho: não queiram tudo de uma vez. Levem o vosso tempo a escolher o tom, a forma, e o timing. Depois de captar a atenção, é imperativo alimentá-la. E isso só lá vai com trabalho e dedicação.

Força e bom podcasting!

 

Pode ouvir este texto através deste episódio do podcast do Xá das 5:

 

Sobre o autor deste texto:

João Gata é o autor do blog/podcast Xá das 5